JOSÉ JOAQUIM TEIXEIRA LOPES, ESCULTOR E CERAMISTA
por António Teixeira Lopes da Cruz, Proprietário da Quinta Vila Rachel.
data da publicação: 1 de Março de 2023
* Fotografia de Manuel de Sousa
O trágico suicídio de Soares dos Reis em 1889, chocou a população em geral e, em particular, a comunidade artística de que era um dos elementos mais destacados. Tendo sido um dos fundadores do Centro Artístico Portuense, nada mais natural que os seus membros decidissem promover uma homenagem ao grande escultor precocemente desaparecido, erigindo um monumento em Gaia destinado a perpetuar a sua memória. A ideia desta iniciativa partiu de Teixeira Lopes e de seu filho António (1)
Para tal, foi criada uma comissão presidida por Teixeira Lopes, seu velho amigo, tendo João de Afonseca Lapa como Vice-Presidente, Diogo José de Macedo Júnior como Secretário e Camilo José de Macedo e José Fernandes Caldas como vogais. A comissão tinha por missão obter os fundos necessários. (2) (3) (4)
António Teixeira Lopes, sendo o mais notável discípulo do homenageado, foi naturalmente encarregado de elaborar a estátua, tendo aceite de imediato fazê-la e a título gracioso. Seu irmão José, em conjunto com Ventura Terra, assumiu a vertente arquitectónica do projecto. (2) (3)
No entanto, o arquitecto José modificou o pedestal, com a anuência de Ventura Terra, que se encontrava em Paris, tendo sido utilizada cantaria fina de Triana, com aplicações de mármore róseo. (4)
Para conseguir a máxima semelhança possível, António Teixeira Lopes valeu-se da máscara mortuária e da mão direita, trabalhos que foram modelados por Teixeira Lopes em gesso no próprio cadáver de Soares dos Reis. A mão foi depois transposta para mármore por António Teixeira Lopes. (4) (5) (6)
* Comissão do monumento
* Máscara mortuária de Soares dos Reis Mão direita de Soares dos Reis
A primeira pedra do monumento foi colocada em 14 de Outubro de 1894, no Largo de D. Pedro V (depois rebaptizado como Largo de Soares dos Reis), mas a sua construção foi muito demorada, por dificuldades de financiamento.
Entretanto, novas figuras integraram a comissão, tais como José Teixeira Lopes, filho de Teixeira Lopes. Terminada a estátua, maquete em barro que foi bastante elogiada pelos jornais (7), António Teixeira Lopes conseguiu que o Governo fornecesse gratuitamente o material necessário para a fundir em bronze, trabalho que foi desempenhado por Adelino Sá Lemos, genro de Teixeira Lopes. (2) (3)
Em 30 de Outubro de 1904, é inaugurado o monumento, com a presença das autoridades locais e regionais e um representante do rei D. Carlos, a comissão e os dois filhos de Soares dos Reis, além de grande assistência popular.(4)
O primeiro orador da cerimónia foi Teixeira Lopes que teceu considerações sobre as dificuldades com que a comissão se teve de confrontar para levar a bom porto a tarefa que havia assumido e elogiou todos os que tinham contribuído para tal finalidade.
O orador oficial foi Ramalho Ortigão, que encerrou os discursos, aproveitando para dissertar sobre a arte em Portugal e os maus tratos e destruição que tem sofrido às mãos dos edis, ou por eles consentida.
Seguiu-se a inauguração, com o descerramento do monumento, acompanhado por banda de música e foguetório. (2) (3) (8)
* Inauguração do monumento
* Estátua
NOTA: Todas as Fotografias apresentadas acima foram extraídas da Revista referida em (3), excepto a da “Máscara Mortuária” que provem de (5)