Práticas agrícolas na Quinta Vila Rachel
Na Quinta Vila Rachel tentamos “controladamente” produzir uvas o mais selvagem possível. Temos perfeita noção que a videira no seu ambiente selvagem não cresce em bardos alinhados uns com os outros como são projectados os vinhedos convencionais. A videira é antes uma liana trepadeira que usa outras árvores para escalar e enrolar-se. Ora sendo esse um método pouco prático para a produção de uvas, começou-se a desenvolver sistemas de plantação em bardo. Tendo em consideração este facto, fazemos ainda assim questão que as nossas uvas sejam criadas num ambiente o mais próximo possível da videira selvagem. Por isso a primeira regra que temos é deixar crescer a vegetação espontânea o mais livre possível. Este crescimento livre de vegetação irá proporcionar uma ambiente rico em biodiversidade, atraíndo para todo o eco-sistema um conjunto enorme de animais e micróbios, responsáveis por estabelecer uma cadeia alimentar forte e complexa, que por sua vez irá beneficiar e enriquecer o solo para produzir uvas o mais qualitativas possível. (1) (2) A segunda regra que temos é nunca lavrar a terra pois isso será o equivalente a destabilizar e destruir toda a comunidade microbiana que levou anos a estabelecer-se no solo. (3)
Práticas agrícolas na Quinta Vila Rachel
Há duas formas de fazer agricultura neste mundo. Uma apenas exploradora e a outra exploradora e regenerativa. Na Quinta Vila Rachel todas as práticas agrícolas têm como objectivo principal a regeneração do solo, ou seja aquilo que extraímos do solo será devolvido com juros de forma completamente natural e sustentável.
Para nós a prática de fertilização é o aspecto fulcral para conseguirmos ter colheitas saudáveis e nutritivas. Por isso não usamos qualquer tipo de fertilizante artificial para adubar as nossas culturas. Como alternativa usamos uma técnica que consideramos ser a base de toda a nossa agricultura: cobertura de solo ou “mulching”. (1) (2) Esta técnica bem realizada consegue proprocionar todos os nutrientes que a cultura precisa para ser produtiva e nutricionalmente rica.
Desta forma cobrimos o solo de todas as nossas árvores e plantas com todo o tipo de biomassa existente na nossa propriedade, desde folhas secas até restos de podas das árvores circundantes. Este processo pode ser feito de três formas diferentes:
UMA VISÃO SOBRE A NOSSA ATITUDE PERANTE O NOSSO LUGAR
Quando projectamos a agricultura da nossa Quinta e o consequente processamento do que a terra nos dá, um dos principais valores que ditam o nosso caminho e estratégia, é o conceito de “genuinidade”. E o que entendemos nós por este conceito? Muito simplesmente projectamos tudo para expressar o que de mais característico existe na nossa Quinta e no lugar natural que esta ocupa. Para nós “genuinidade“ é mostrar através de um simples alimento que cresceu da terra, todas as características do lugar de onde ele provém. Expressar a terra do solo, expressar a quantidade de sol, chuva e vento que se faz sentir num determinado ano. Expressar as flores espontâneas que passam aromas essenciais através do ar. Expressar todo o trabalho que as comunidades animais e microbianas no solo produzem. Expressar os pássaros, os esquilos e os javalis que passam e que são essenciais para toda a cadeia alimentar deste lugar. Em suma, expressar “genuinidade” é expressar a pureza do lugar em que vivemos.
Por este motivo de força maior, adoptamos uma agricultura baseada em procedimentos agroecológicos que nutrem a terra da melhor forma possível, devolvendo-nos esta depois alimentos ricos e nutritivos. Decidimos por isso evitar a adopção de métodos de agricultura industrial, métodos estes que usam e abusam do solo como se fosse uma mina infinita ( que não é de todo), explorando os seus nutrientes até à exaustão, matando toda a vida microbiana do solo devido ao uso de agrotóxicos. Ao invés, adoptando práticas agroecológicas, regeneramos e nutrimos toda a fundação de onde provém o alimento, o solo.