CERAMISTA, ESCULTOR E FUNDADOR DA QUINTA VILA RACHEL
por António Teixeira Lopes da Cruz, Proprietário da Quinta Vila Rachel.
data da publicação: 1 de Março de 2023
27.1/ AMIZADES
Fruto da sua afável e sincera, embora discreta, maneira de ser, Teixeira Lopes relacionava-se facilmente com quase toda a gente que conhecia, que era unânime em reconhecer a sua capacidade de trabalho, a sua perseverança sem limites, o seu acrisolado amor à arte, o seu talento, a sua honestidade e espírito de camaradagem; em suma, alguém plenamente confiável com quem sempre se podia contar.
Construiu, assim, para além dum acrisolado apego à família, muitas e duradouras amizades e simpatias.
Não sendo viável fazer uma resenha de todas as pessoas e famílias com quem se relacionava socialmente, será dado enfoque àquelas que mais importância tiveram na sua vida e a quem dedicava verdadeira amizade.
Outras figuras que dalguma forma ajudaram a definir o seu percurso de vida (seus mestres, seus sócios, seus colaboradores, entre outros) são referidas no âmbito das circunstâncias em que travaram conhecimento com Teixeira Lopes.
ANTÓNIO JOSÉ DA COSTA (1840 -1929)
* fotografia: https://sigarra.up.pt/up/pt/web_base.gera_pagina?p_pagina=antigos%20estudantes%20ilustres%20-%20ant%c3%b3nio%20jos%c3%a9%20da%20costa
O conhecido Pintor das rosas e camélias, que foi seu condiscípulo em Belas Artes, tendo-se tornado amigos para a vida. (1)
Considerado o melhor pintor português de flores do deu tempo, averbou sucessos em exposições no Ateneu do Porto e no Grémio Artístico de Lisboa. (2)
CHARLES BAUMAM
Engenheiro francês, que foi o seu primeiro cliente, figura muito distinta e considerada em Gaia e de reconhecido mérito profissional. Foram amigos até ao fim dos seus dias. (3)
(1) Lopes, José Marcel Teixeira Lopes – “Teixeira Lopes íntimo e a bela época de 1900”, dactilografado, s/ data, pg. 40
(2) Mourato, António -“Flores do silêncio (um esboço da actividade artística do pintor António José da Costa)” in www.cepesepublicacoes.pt/portal/pt/obras/a-encomenda.-o-artista.-a-obra/flores-do-silencio-um-esboco-da-actividade-artistica-do-pintor-antonio-jose-da-costa. página visitada em 16-06-2014
(3) Correia, Ramiro - “Exposition de travaux de Teixeira Lopes (père), sculpteur et céramiste” (adaptação em francês manuscrita pelo autor), pg. 11
ANTÓNIO SOARES DOS REIS (1847-1889)
* retrato a óleo por Marques de Oliveira, Museu Nacional Soares dos Reis
Não se sabe com exactidão como travaram conhecimento Soares dos Reis e Teixeira Lopes, mas algumas pistas apontam para que isso possa ter ocorrido no âmbito dos seus primeiros trabalhos de cerâmica, já que Soares dos Reis trabalhou para a Fábrica de Santo António de Vale Piedade e o mesmo sucedeu com Teixeira Lopes. Por outro lado, a comunidade artística da época era pouco numerosa e seria natural que todos acabassem por estabelecer relacionamento. O facto de os dois escultores se destacarem dos restantes colegas, em termos de qualidade artística, decerto contribuiu para a sua aproximação, apesar da diferença de idades (Teixeira Lopes era dez anos mais velho do que Soares dos Reis)
Em 23 de Janeiro de 1868, de Paris, onde estava a estudar, residindo na Rue de Seine, 63, Soares dos Reis escreve uma curiosa carta a Teixeira Lopes, onde lhe relata as dificuldades por que passou no ateliê das Belas Artes, cujo superintendente lhe dissera que não havia espaço suficiente para os estudantes franceses, quanto mais para estrangeiros...Tinha assim sido forçado a “comprar” a entrada. Agradece-lhe ainda o favor que lhe fez ao emprestar-lhe os retratos dos colegas, “ pois desde que os mostrei no ateliê não me fizeram troça de maneira alguma. Agora como não são meus aí lhos remeto; porém o seu fico com ele mas correspondo com o meu. Aceite muitas lembranças do Soller e do Sardinha e as minhas só terão termo quando o Sr. tiver o incómodo de me esperar no mesmo sítio em que nos despedimos”. (4)
NOTAS: a ortografia foi actualizada, mantendo-se todas as palavras do texto original, bem como a respectiva pontuação.
Tomás Soller e José Geraldo Sardinha eram conhecidos arquitectos portuenses.
A amizade entre Soares dos Reis e Teixeira Lopes foi, no entanto, algo abalada quando António Teixeira Lopes, filho de José Joaquim, se tornou discípulo de Soares dos Reis. Este elogiou sempre António a seu pai, mas, um dia em que Soares dos Reis estava visivelmente perturbado, tratou-o tão mal que quase o levou a desistir das aulas. José Joaquim quis clarificar a situação e, acompanhado a contragosto pelo filho, foi visitar Soares dos Reis e pedir-lhe explicações.
O acolhimento de Soares dos Reis foi extremamente cordial e retirou-se com José Joaquim para um gabinete onde era suposta a conversa ser inaudível por António; mas tal não foi o caso: este ouviu toda a justificação do seu professor, que se apoiou na necessidade de não facilitar a vida aos jovens estudantes, criando-lhes dificuldades e baixando-lhes as expectativas, para os espicaçar e os levar a superarem-se. E não aceitou a renúncia às aulas. António, que se cria rejeitado por falta de qualidades, ganhou assim novo alento e redobrou de esforços, terminando nesse ano de 1884 o terceiro ano de escultura com dezassete valores.
António concorreu então para pensionista do Estado, juntamente com Tomás Costa e Molarinho.
Entretanto, Soares adoeceu e José Joaquim e António foram visitá-lo, tendo-o surpreendido a dar indicações a Tomás Costa relativamente a um álbum que este segurava aberto. A atrapalhação foi geral e tornou-se óbvio que Tomás Costa, que era protegido de Soares dos Reis, estava a ser ajudado por ele relativamente às provas concursais.
Por isso, não foi surpresa que o júri deliberasse escolher Tomás Costa como vencedor do concurso.
José Joaquim manifestou a Soares o seu desagrado por tal desfecho, que não era concordante com os elogios que vinha fazendo a António.
Soares dos Reis que reiterou a sua confiança na carreira de António, desculpou-se explicando que este teria patronos que o sustentassem em Paris, enquanto Tomás só dispunha daquela hipótese: assim iriam dois para Paris. (5) (6)
NOTA: Outras referências ao relacionamento entre Soares dos Reis e José Joaquim Teixeira Lopes serão feitas noutros capítulos, quando apropriado.
(4) Macedo Júnior, Diogo José - “Soares dos Reis”, pgs 77 e 78, ed. Marques Abreu, 1937
(5) idem, pgs 21 e 22
(6) Teixeira Lopes, António - “Ao correr da pena, memórias de uma vida”, CMG, 1968,pgs. 8,9,10,11
ANATOLE CALMELS (1822-1906)
* https://fr.wikipedia.org/wiki/C%C3%A9lestin-Anatole_Calmels
Escultor francês radicado em Portugal, autor da estátua equestre de D. Pedro IV, no Porto, além de outras diversas obras de valor em Lisboa, como as esculturas do arco da Rua Augusta e figuras na Câmara dos pares. Foi professor da Duquesa de Palmela, que o protegeu toda a vida. Foi agraciado com as comendas de Cristo e S. Tiago. (7)
Em 1903, por iniciativa de António Teixeira Lopes, foi realizada uma homenagem ao idoso escultor, consistindo num jantar festivo:
“ Meu pai acompanhou-me; dava um grande realce à festa de Calmels e mostrava assim a gratidão votada ao artista que muito o considerou e até protegeu perante o finado rei artista, D. Fernando. Por intermédio de Calmels, muitos anos antes, D. Fernando mandara oferecer uma pensão a meu pai, que declinou a generosidade do monarca, mas que não deixou de conservar, pelos dois, um grande reconhecimento. Logo que falei na homenagem, meu pai aplaudiu e declarou: -Vou também; devo isso ao velho artista que foi sempre meu amigo dedicado”. (8)
Depois, os dois Teixeira Lopes (pai e filho), José, o outro filho artista não podendo estar presente, foram visitar o ateliê de Calmels no jardim do palácio da Duquesa de Palmela. A festa em honra de Calmels teve lugar no dia imediato no Hotel Avenida Palace, com a presença de numerosos artistas e intelectuais, tais como Columbano e Rafael Bordalo Pinheiro, Veloso Salgado, Ventura Terra, Simões de Almeida, Ramalho Ortigão, etc. Os Teixeira Lopes foram buscar o homenageado a casa, tendo ele recebido uma grande ovação quando entrou na sala do banquete e um magnífico ramo de flores oferecido pela Duquesa. Momento comovente para o idoso escultor. Ramalho foi o orador de serviço, como seria de esperar dum escritor do seu gabarito. (9)
JOÃO D' AFFONSECA LAPA (1841-1933)
* Fotografia com dedicatória no verso a António Teixeira Lopes (colecção do autor)
Escultor de arte sacra nascido em Vila do Conde e falecido no Rio de Janeiro, que foi vice-presidente da comissão do monumento a Soares dos Reis.
Deu início à sua vida de trabalho nos estaleiros de Vila do Conde, e mais tarde nos de Vila Nova de Gaia, muito novo ainda (tal como Teixeira Lopes) já esculpia em madeira figuras decorativas em madeira que se colocavam na proa dos veleiros de apreciável porte (figuras mitológicas, sereias, anjos, guerreiros, etc).
Desenvolveu as suas capacidades artísticas na oficina do escultor Manuel da Fonseca Pinto, de que foi mais tarde proprietário. Tornou-se conhecido como especialista em estatuária religiosa, tendo ensinado a sua arte a José Fernandes Caldas e Rodrigues Castro. As suas imagens eram tão perfeitas que tiveram grande procura. (10)
(7) idem - “Ao correr da pena, memórias de uma vida”, pgs. 159, 404
(8) idem, pg. 398
(9) idem, pgs. 402 a 404
(10) http://cronistas.com.sapo.pt/O%20NOSSO%20S.Pedro.doc. página visitada em 9-10-2015
PAUL BERTHET (1842-1917)
* Fotografia: O casal Berthet com o escultor António Teixeira Lopes, colecção do autor, e verso com dedicatória de Berthet.
Dado esta ser em francês e estar ilegível parcialmente, o autor assume a sua tradução e completamento das falhas, procurando manter-se fiel ao sentido que atribui às mesmas:
“Aos nossos caros amigos Senhor e Senhora Teixeira Lopes, em recordação do bom desempenho na Escola de Belas Artes de Paris de seu filho António, admitido em Primeiro (lugar).
Paris, 16 de Agosto de 1885 Paul Berthet”
Teixeira Lopes acompanhou seu filho António quando este viajou para estudar em Paris em Maio de 1885, com apoio financeiro do pai, de Almeida Costa, de José Luiz de Novais e de António José da Silva Junior (de que se falará abaixo). (11)
Chegados a Paris, Teixeira Lopes, que criara amizade com alguns condiscípulos na cidade-luz, procurou neles apoio a seu filho António nos estudos que ia encetar.
Destaca-se o grande escultor Berthet, seu compadre (Teixeira Lopes era padrinho do filho de Berthet), a quem pediu para se encarregar de orientar seu filho e defendê-lo das más companhias e tentações parisienses, o que ele efectivamente fez. (12) (13)
Berthet, aluno de Jouffroy, era Laureado pela École impériale des Beaux Arts de Dijon e autor da estátua em bronze de Jean-Jacques Rousseau (1887), na Praça do Panthéon em Paris, entre outras obras. (14)
ANTÓNIO JOSÉ DA SILVA
* Busto de António Teixeira Lopes, Fotografia (colecção do autor)
Esta família de abastados negociantes vivia numa mansão na R. Conselheiro Veloso da Cruz em frente às actuais Galerias Diogo de Macedo, pelo que passaram a ter como vizinhos os Teixeira Lopes, quando estes se instalaram bem próximo, na actual Rua Teixeira Lopes. António José da Silva fundou uma firma de comércio de vinhos em 1813. Seu filho António José da Silva Junior adquiriu a famosa Quinta do Noval em 1894. Quando António Teixeira Lopes foi estudar para Paris, António José da Silva Junior entregou-lhe um pacote com algumas libras de ouro, para o ajudar a suportar os custos na grande metrópole. E fê-lo todos os meses até fins de 1893 ! Apoio precioso para um artista em formação, que era, assim, tratado generosamente como um familiar, e que retribuía com a sua amizade e dedicação. (15)
Os laços entre as duas famílias foram-se estreitando, tendo António Teixeira Lopes realizado os bustos de Teresinha Silva (Vasconcelos Porto, por casamento) e de António José da Silva. (15) (16)
(11) Teixeira Lopes, António - “Ao correr da pena, memórias de uma vida”, CMG, 1968, pg. 11
(12) Teixeira Lopes, Manuel Ventura - “Biografia de Mestre Teixeira Lopes, pgs. 7, 8
(13) Teixeira Lopes, António - “Ao correr da pena, memórias de uma vida”, CMG, 1968, pgs. 12, segs.
(14) http://gw.geneanet.org/berthet?lang=en&p=paul&n=berthet página visitada em 21-08-2015(15) Teixeira Lopes, António - “Ao correr da pena, memórias de uma vida”, CMG, 1968, pgs. 39, 40
(16) idem, pgs. 39, 40, 41
BENTO DE SOUZA CARQUEJA (1860-1935)
* Fotografia (colecção do autor)
O “Comércio do Porto” foi criado em 1854 por Manuel de Souza Carqueja, pelo seu irmão Francisco Carqueja e por Henrique Carlos de Miranda.
Bento de Sousa Carqueja, notável jornalista e professor universitário, assumiu a propriedade e a Direcção do diário a partir de 1908.
Desde cedo que o jornal prestou atenção à atividade artística de Teixeira Lopes, noticiando as novidades que iam ocorrendo. Entretanto, foi-se estabelecendo uma amizade estreita entre as Famílias Carqueja/Seara Cardoso e Teixeira Lopes que perdurou até à actualidade.
FAMÍLIA PINTO DE AGUIAR
Júlio Pinto de Aguiar era uma figura marcante da sociedade novecentista de Porto e Gaia, filho de Luís António Pinto de Aguiar, reitor do Liceu Central do Porto, tio-avô da esposa de Soares dos Reis. (17)
Júlio reunia assiduamente, na sua residência, um grupo de amigos que incluía José Joaquim Teixeira Lopes, Camilo de Macedo e Soares dos Reis.
Nesses convívios, era usual programarem-se frequentes passeios a realizar pelo grupo. (18)
Teixeira Lopes realizou um medalhão em bronze de Júlio Pinto de Aguiar. (19)
(17) Macedo Júnior, Diogo José - “Soares dos Reis”, pg. 54, ed. Marques Abreu, 1937
(18) idem, pg. 54
(19) tradição oral familiar
MARIA DELFINA PINTO DE MACEDO (1870-1955)
* Baixo relevo em gesso de António Teixeira Lopes, (colecção e fotografia do autor)
O casal Camilo José de Macedo (1867-1944) e Maria Delfina Pinto de Macedo residiam no edifício contíguo à então Casa Teixeira Lopes, actual Casa-Museu, o qual, após significativas alterações, alberga as Galerias Diogo de Macedo, que passaram a ser um complemento da Casa-Museu Teixeira Lopes.
Camilo (provador de vinhos conceituado, como era seu pai, e também esplêndido fotógrafo amador), era filho de Diogo José de Macedo e D. Amélia da Conceição Macedo e irmão de Diogo José de Macedo Júnior. (20)
Os dois irmãos fizeram parte da comissão promotora da estátua de Soares dos Reis. (21)
O outro filho de Diogo José de Macedo, Lourenço, era sogro de Soares dos Reis. (22) (23)
Diogo (Cândido) José de Macedo Júnior e sua mulher Maria Rosa do Sacramento foram pais de Diogo (Cândido) de Macedo (1889 - 1959), o escultor e crítico de arte, a quem são dedicadas as Galerias supracitadas, que ostentam o nome deste discípulo de António Teixeira Lopes.(24)
A amizade com a família Teixeira Lopes tornou-se tão íntima que o casal Camilo José de Macedo e Maria Delfina Pinto de Macedo e António Teixeira Lopes se tratavam mutuamente por “irmãos” na correspondência ou em dedicatórias de fotografias que trocavam entre si. (25)
VICENTE DE MOURA (1815-1908)
* Busto em mármore de José Joaquim Teixeira Lopes, Fotografia retirada de Magalhães Basto, Artur – “José Rosas & Cª ourives e joalheiros”, 1951
Vicente Manuel de Moura, ourives e contraste de ouro, esteve na origem da ourivesaria que viria a ser conhecida como “Ourivesaria Rosas”, do nome do seu genro José Aires da Silva Rosas (1849-1923), natural de Carrazeda de Ansiães, que deu continuidade à actividade e que vivia nos dois últimos andares do prédio da Rua das Flores onde existia a ourivesaria, e aí recebia habitualmente amigos que vinham tomar uma refeição sem aviso prévio.
Era habitual haver tertúlias de amigos em sua casa, depois do jantar, sendo Teixeira Lopes e seus filhos António e José frequentadores habituais. Predominavam os artistas, escritores e intelectuais em geral: Soares dos Reis, Veloso Salgado, Ventura Terra, Marques de Oliveira, Oliveira Martins, Guerra Junqueiro, entre tantos outros. A arte dominava, embora a elite social do Porto também marcasse presença. (26)
António Teixeira Lopes viria a criar peças que José Rosas valorizaria ao transformá-las em magníficos exemplares de ourivesaria artística. Dentre estes deve ser destacado o esplendoroso centro de mesa em prata, encomendado pelo Conselheiro Pedro de Araújo, que figurou na Exposição Universal de Paris de 1900 com merecido êxito. (26)
DUQUESA DE PALMELA
*Busto em mármore de António Teixeira Lopes, Fotografia (colecção do autor)
Apreciável escultora amadora, discípula de Anatole Calmels, protegeu-o até ao fim dos seus dias.
Foi através dele, que não convivia com quase nenhum colega português, sendo Teixeira Lopes uma das raras excepções de camaradagem, que este travou conhecimento com a Duquesa. (27)
Amante das artes e promotora de obras de caridade, a duquesa organizou uma exposição-venda de esculturas com fins caritativos, em 1894, na Livraria Gomes, em Lisboa, em que figuraram obras dos maiores escultores portugueses da época.
Teixeira Lopes participou com algumas estatuetas, em particular um “Cristão” e um “S. Miguel”, que fizeram sucesso. (28)
Seu filho António também participou com vários bronzes e mármores. (28)
Teixeira de Carvalho descreve assim a chegada da duquesa: “Entra a Srª Duquesa de Palmela…fica-se a olhar duas pequenas figuras- um S. Miguel de barro, fino e delicado, e um pequeno bronze que faz scismar. São as esculturas de Teixeira Lopes (pai). O seu olhar pousa docemente sôbre as pequenas esculturas como sôbre um bibelot significativo e raro…” (29)
27.2 SOCIEDADE DE BELLAS-ARTES DO PORTO
Teixeira Lopes era o sócio nº 421 desta Sociedade:
Documento da colecção do autor
(20) Macedo Júnior, Diogo José - “Soares dos Reis”, dedicatória aos pais, ed. Marques Abreu, 1937
(21) idem, pg. 77
(22) idem, pgs. 3,4
(23) “Soares dos Reis in memoriam”, organizado pela Escola de Belas Artes do Porto, 1947, pg. 106
(24) https://sigarra.up.pt/up/pt/web_base.gera_pagina?p_pagina=antigos%20estudantes%20ilustres%20-%20diogo%20de%20macedo. página visitada em 20-07-2015
(25) cartas e fotografias colecção do autor
(26) Magalhães Basto, Artur – “José Rosas & Cª ourives e joalheiros”, 1951, diversas pgs.
(27) Teixeira Lopes, António - “Ao correr da pena, memórias de uma vida”, CMG, 1968,pg. 159
(28) idem, pgs. 157,158
(29) Carvalho, Joaquim Teixeira de - “ Notas de arte e crítica”, Livraria Moreira Editora, Porto, 1926, pgs 243, 244
27.3/ APADRINHAMENTOS (30)
Teixeira Lopes, bem como os seus sócios e alguns parentes, dada a sua notoriedade social foram, naturalmente, convidados para serem padrinhos de diversos familiares, amigos, sócios e colaboradores.
Teixeira Lopes foi padrinho de José, filho de Diomede Christophani, artista da Toscânia, casado com Maria do Carmo, moradores na rua da Penaventosa, em1863.
Teixeira Lopes e sua mulher Rachel foram padrinhos de baptismo de Alberto Teixeira Lopes, em 1864 (Cedofeita).
Teixeira Lopes e seu irmão João (escultor) foram padrinhos de Júlio, filho de José Pereira com fábrica nas Devesas, em 1867.
Teixeira Lopes e Almeida Costa foram testemunhas de casamento de José Rodrigues, escultor, com Maria das Neves, em 1872. Provável modelador da Fábrica Cerâmica das Devesas.
Idem, no mesmo ano, foram testemunhas de casamento de Joaquim Francisco Ruivo, escultor. Provável modelador da Fábrica Cerâmica das Devesas.
Joaquim Pereira de Meireles, escultor, residente nas Devesas, em 1872, foi padrinho de José, filho de Teixeira Lopes, em 1874, foi padrinho de Maria, filha de José Rodrigues Rainha Jr, fabricante de louça, e de Maria das Neves (será o José Rodrigues, escultor, supracitado?).
O irmão João (escultor) foi padrinho de Aurora, filha de Manuel Francisco Lopes, fabricante de louça, e de Rosa Maria Ferreira, das Devesas, em1874.
Feliciano, filho de José Pereira Valente, trabalhador da Fábrica Cerâmica das Devesas, que abandonaria para criar a Fábrica de Louças das Devesas - Pereira Valente, teve como padrinhos Feliciano Rodrigues da Rocha e esposa Antónia Maria de Oliveira Rocha, em 1874.
Teixeira Lopes foi padrinho de José, filho de José Fernandes Caldas, escultor, provável modelador da Fábrica Cerâmica das Devesas, e Rita Sousa Caldas, em 1894, sendo madrinha Nossa Srª do Rosário, cuja coroa foi erguida por António Teixeira Lopes. É o futuro escultor Sousa Caldas. (31)
O casal Costa apadrinhou Isabel, filha de Abílio de Oliveira Rocha e de Maria Raquel Teixeira Lopes, em 1896.
27.4 SOLIDARIEDADE COM A ESPANHA (32)
Em 1884 e 1885 diversos violentos abalos sísmicos causaram grande destruição e caos na Andaluzia, maioritariamente nas zonas de Granada e Málaga, com largas centenas de mortos e feridos e milhares de casas destruídas ou danificadas.
Tal catástrofe sensibilizou muito os portugueses, que procuraram auxiliar as vítimas, através de donativos diversos.
Em 1885, foi criada no Porto a publicação « Portugal-Hespanha », em número único, iniciativa dos alunos da Academia Portuense de Belas-Artes, cujo produto de venda tinha por destino a Andaluzia. Esteve à venda em todas as livrarias do país, tendo permitido obter uma considerável receita (o seu montante não é conhecido). Contou com a colaboração de várias personalidades das letras (48) e das artes (22). Estes últimos contribuíram com desenhos originais.
Salienta-se a participação de José Joaquim Teixeira Lopes e de seu filho António, ao lado de Francisco José Resende, Marques de Oliveira, Tomás Costa, Rafael Bordalo Pinheiro, Sebastião Sanhudo e Molarinho, entre outros.
(30) Informação em grande parte retirada do artigo de Leão, Manuel - “Uma Escola Profissional de Cerâmica” in Boletim Amigos de Gaia, Dezembro 2003, pg. 14
(31) Perfeito Caetano, Francisco – “Escola de Artes Decorativas Soares dos Reis…” ed. Universidade do Porto, 2012, pg. 230
(32) Pereira, Maria da Conceição -“Caridade Versus Filantropia - Sentimento e Ideologia, a Propósito dos Terramotos da Andaluzia (1885)”, in “Estudos em homenagem a Luís António de Oliveira Ramos”, Faculdade de Letras da Universidade do Porto, 2004, pgs. 832, 834, 835