por António Teixeira Lopes da Cruz, Proprietário da Quinta Vila Rachel.  
data da publicação: 1 de Março de 2023

* Retrato a carvão de Teixeira Lopes com 49 anos, trabalho de seu genro Albino Barbosa (1886) da Casa-Museu Teixeira Lopes

Esta designação não se refere a uma Escola formal que tenha existido, mas sim a um conjunto de escultores, mestres e discípulos, que na segunda metade do século XIX e primeiras décadas do século XX exerceram a sua profissão em Vila Nova de Gaia (e Porto) de forma prolífica, mas com uma qualidade média bem acima do vulgar, partilhando conhecimento e técnica entre si. Tal foi a preponderância deste ramo artístico sobre os demais, que estes foram relegados para uma verdadeira subalternidade. 

António Arroyo, utilizou a expressão “Escola de Escultores de Gaia”, pela primeira vez, em 1909, para englobar o conjunto de escultores que nasceram ou trabalharam em Gaia e que tanta fama e influência ganhou em todo o País. Atribui a Soares dos Reis a “paternidade” da “Escola” (1), o qual, como professor da Escola de Belas Artes, proporcionou excelente preparação formal a vários discípulos (entre os quais António Teixeira Lopes), dando um grande élan à dita “Escola”.

Mas, Arroyo esquece o papel precursor inicial, fundamental no processo de formação desta “Escola”, que José Joaquim Teixeira Lopes, que nem sequer era de Gaia, mas lá se veio a instalar, teve (2), pela actividade artística que desenvolveu individualmente e no âmbito da Fábrica de Cerâmica das Devesas, tendo-se tornado um dos mais importantes “modeladores” portugueses do século XIX. Teve oportunidade de trabalhar com (e influenciar) vários escultores, como Joaquim Meireles (1879 -?), seu filho António Teixeira Lopes e aspirantes a sê-lo, que muito beneficiaram das aulas nocturnas que levou a cabo na Fábrica, como Joaquim Gonçalves da Silva (1866-1942). De resto, conforme referido em 17.11 COLABORADORES DA FÁBRICA E FACILIDADES CONCEDIDAS A ARTISTAS, Soares dos Reis também utilizou tais facilidades.

O numeroso corpo de discípulos de António Teixeira Lopes garantiu a continuidade da “Escola”: José de Oliveira Ferreira (1883 -1942),  António Alves de Sousa (1884 -1922), Rodolfo Pinto do Couto  (1888 -1945), Diogo de Macedo (1889 -1959), Carlos Meireles (1889 -?), Henrique Moreira (1890 -1979), José Maria de Sá Lemos (1892 -1971), José Fernandes Sousa Caldas (1894 -1965), Manuel Ventura Teixeira Lopes (1907-1992), Eduardo Tavares (1918 -1991), António Azevedo  (1889  -1968), entre tantos outros.

 (1) Arroyo, Antonio - “As Bellas-artes em Villa Nova de Gaya – A sua Escola de Esculptura” in  “Mea villa de Gaya : (guia illustrado do concelho de Gaya); Empreza Editora do Guia Ilustrado de Portugal, 1909, pg. 72
(2) Castro, Laura- “A Escola de Gaia”, 2003, pg. 1  in   www.academia.edu/11445828/_Escola_de_Gaia_2003página consultada em 15 de Novembro de 2017