Práticas agrícolas na Quinta Vila Rachel
Há duas formas de fazer agricultura neste mundo. Uma apenas exploradora e a outra exploradora e regenerativa. Na Quinta Vila Rachel todas as práticas agrícolas têm como objectivo principal a regeneração do solo, ou seja aquilo que extraímos do solo será devolvido com juros de forma completamente natural e sustentável.
Para nós a prática de fertilização é o aspecto fulcral para conseguirmos ter colheitas saudáveis e nutritivas. Por isso não usamos qualquer tipo de fertilizante artificial para adubar as nossas culturas. Como alternativa usamos uma técnica que consideramos ser a base de toda a nossa agricultura: cobertura de solo ou “mulching”. (1) (2) Esta técnica bem realizada consegue proprocionar todos os nutrientes que a cultura precisa para ser produtiva e nutricionalmente rica.
Desta forma cobrimos o solo de todas as nossas árvores e plantas com todo o tipo de biomassa existente na nossa propriedade, desde folhas secas até restos de podas das árvores circundantes. Este processo pode ser feito de três formas diferentes:
UMA VISÃO SOBRE A NOSSA ATITUDE PERANTE O NOSSO LUGAR
Quando projectamos a agricultura da nossa Quinta e o consequente processamento do que a terra nos dá, um dos principais valores que ditam o nosso caminho e estratégia, é o conceito de “genuinidade”. E o que entendemos nós por este conceito? Muito simplesmente projectamos tudo para expressar o que de mais característico existe na nossa Quinta e no lugar natural que esta ocupa. Para nós “genuinidade“ é mostrar através de um simples alimento que cresceu da terra, todas as características do lugar de onde ele provém. Expressar a terra do solo, expressar a quantidade de sol, chuva e vento que se faz sentir num determinado ano. Expressar as flores espontâneas que passam aromas essenciais através do ar. Expressar todo o trabalho que as comunidades animais e microbianas no solo produzem. Expressar os pássaros, os esquilos e os javalis que passam e que são essenciais para toda a cadeia alimentar deste lugar. Em suma, expressar “genuinidade” é expressar a pureza do lugar em que vivemos.
Por este motivo de força maior, adoptamos uma agricultura baseada em procedimentos agroecológicos que nutrem a terra da melhor forma possível, devolvendo-nos esta depois alimentos ricos e nutritivos. Decidimos por isso evitar a adopção de métodos de agricultura industrial, métodos estes que usam e abusam do solo como se fosse uma mina infinita ( que não é de todo), explorando os seus nutrientes até à exaustão, matando toda a vida microbiana do solo devido ao uso de agrotóxicos. Ao invés, adoptando práticas agroecológicas, regeneramos e nutrimos toda a fundação de onde provém o alimento, o solo.
O QUE A CIÊNCIA DIZ
De que forma o tipo de agricultura que se faz influencia o sabor, a nutrição dos nossos alimentos e consequentemente a nossa saúde?
Nos dias que correm saber o que comer influencia tremendamente a nossa escolha por determinados alimentos produzidos em determinados sistemas agrícolas. Devido à expansão de tipos de agricultura hiper-intensivos, a qualidade dos alimentos provenientes deste tipo de agricultura deixou de ser tão nutricional e de ter um sabor tão aprazível quanto um alimento produzido segundo técnicas agroecológicas. Segundo o que a ciência tem vindo a estudar a qualidade dos solos e o seu respectivo microbioma são essenciais para se obter alimentos nutritivos e saborosos. Na agricultura mono-intensiva o microbioma e o respectivo solo são relegados para segundo plano através da aplicação intensiva de práticas culturais, agrotóxicas e de ausência de biodiversidade. Ora, estando esta comunidade de micróbios ( fungos, bacterias, protozoários, etc ) relacionados com a produção de nutrientes, e se esta é enfraquecida através de práticas agrícolas anti-naturais, os alimentos produzidos serão também obviamente afectados.
DUAS FORMAS DE AGRICULTURA MUITO DISTINTAS
A Diferença entre o nosso azeite e os azeites industriais de monocultura intensiva: A diferença entre o nosso azeite e o que é proveniente de agricultura mono-intensiva é bastante grande. As nossas azeitonas são cultivadas de forma biológica e natural, sem qualquer produto químico incluindo pesticidas, herbicidas ou fertilizantes artificiais. Tentamos que a agricultura seja o mais selvagem possível para enriquecer o microbioma do solo, e por consequência, conseguirmos azeitonas o mais saborosas possível. Ao invés disso, num olival mono-intensivo, o conceito de biodiversidade é relegado para segundo plano, e todos os químicos usados irão danificar todo o microbioma do solo, afectando o sabor e a qualidade nutricional das azeitonas. Outra grande diferença é que a maior parte das nossas Oliveiras são centenárias ( algumas tri-centenárias ) em comparação com as Oliveiras de cultura mono-intensiva que não têm mais de dez anos de idade. Passados esses anos são cortadas para plantar novas. A diferença é que nas Oliveiras centenárias a produção é mais pequena e por isso com mais qualidade. O fruto tem propriedades mais concentradas.